Preparativos do Poder Judiciário para o uso da Inteligência Artificial
Ao mesmo tempo considerado necessário pelo volume de processos, o uso da IA requer cuidados
“A Inteligência Artificial, Ética e Responsabilidade Social: novas tecnologias e seus impactos nas relações individuais e coletivas de trabalho” foi o tema do debate do Painel 4, nesta sexta-feira, 29, durante o III Congresso Nacional e I Internacional da Magistratura do Trabalho. O painel, mediado pelo Dr. Otávio Venturini (Professor universitário, Data Protection Officer (DPO) da Agência Nova S.A., Editor da ABFP - Editora), teve como expositores os doutores Ana Carla Bliacheriene (Professora de Direito da USP - EACH e Advogada), Giuseppe Ludovico (Professor Doutor da Università degli Studi di Milano) e o executivo da Microsoft Brasil Carlos Augusto Jorge Marques. Os cuidados com os processos de criação de uma Inteligência Artificial direcionada ao setor Judiciário ganhou destaque.
“O desenvolvimento de uma Inteligência Artificial (IA) generativa deve ser acompanhada desde a criação. Esse acompanhamento é essencial para atender a linguagem e dar autonomia ao magistrado”, enfatizou Ana Carla Bliacheriene, ao apresentar parte de um sistema em desenvolvimento chamado Sara. A inteligência artificial generativa, é uma tecnologia que cria conteúdos, como imagens, vídeos, textos, música e áudio. Ela usa modelos de IA grandes, chamados de modelos de fundação, que podem realizar várias tarefas ao mesmo tempo.
Ainda segundo Bliacheriene, a inteligência artificial na área judiciária é de grande importância. “A IA é capaz hoje de nos apoiar, por isso a importância de saber o que é válido ser demandado para o sistema, pois é uma simulação de habilidades humanas realizada por máquina. A responsabilidade ainda é humana. Hoje há mais de 80 milhões de processos em andamento no Brasil, é necessário que ela chegue (IA)”, explicou.
Acrescentando ao debate, o Dr. Giuseppe Ludovico falou sobre o conceito de adimplência e inadimplência na relação simbiótica entre trabalhador e máquina. “A questão é de quem será a culpa de um erro, do homem ou da máquina? Este é o grande desafio: realizar a fronteira entre a máquina e o homem”, argumentou. Estudioso da área, acredita que o progresso representa uma revolução. “Das outras revoluções o que mudou foi a rapidez. O feito principal é a polarização, e ela vai aumentar entre os países e os trabalhadores”, comentou.
Já para o executivo da Microsoft Brasil, Carlos Augusto Marques, o investimento da empresa é grande. “Serão mais 14 bilhões de reais em investimentos para os próximos três anos, isso para fomentar o desenvolvimento da inteligência generativa”, expôs. Durante a exposição apresentou o funcionamento do sistema, que tem a máquina como um ‘copiloto’ para o magistrado. O encerramento do painel foi conduzido pelo Ministro Breno Medeiros (TST), que enfatizou preocupação e cuidados. “A vigilância deve ser constante, quem são as pessoas que irão alimentar esta inteligência? Quem serão os responsáveis, principalmente no setor público?”.
Outras Notícias