Viabilidade da SAF é discutida por especialistas durante Congresso
Instrumento é visto com bons olhos, mas carece de gestão comprometida para dar certo
Será cada vez mais comum no mundo do futebol a transformação de clubes brasileiros em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Muito além dos adjetivos e críticas ao modelo de gestão, os números e resultados atuais, colocam em xeque o modelo anterior, que deixou clubes falidos, com dívidas ou ainda, sem capacidade de investimento, inovação e competividade. Isso é o que avaliam especialistas que debateram o tema em mais uma edição do Congresso Nacional da Magistratura do Trabalho.
O modelo SAF tem gerado bons resultados. Porém, é preciso cautela e análise. Terence Zveiter, presidente da Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD) faz uma reflexão. “É preciso analisar o negócio. É bom para quem? Exemplo, o Ronaldo comprou e já revendeu o Cruzeiro. Isso é bom para o time? Bom para o torcedor? Bom para o Ronaldo?”. Zveiter avalia positivamente o modelo SAF, mas destaca que é preciso ter um bom contrato para ser um instrumento de construção e massificação do esporte em nosso país.
Luiz Antônio Abagge, vice-presidente da ANDD, comenta que seis clubes da Séria A do brasileirão estão enquadrados nestas referências. “O Flamengo é um deles. Hoje tem a melhor gestão, com transparência, fluxo de caixa, normas. Outro dado interessante é que hoje na disputa pelo título das Libertadores da Américas temos duas SAFS, no caso o Botafogo e o Atlético Mineiro. São times com saúde financeira que acirram a disputa esportiva. Como é o caso dos times brasileiros que estão dominando a libertadores da Américas nos últimos anos”.
Transparência e novas referências
Até 1919 era proibido ter atleta profissional no Brasil, revelou Maurício Correa da Veiga, vice-presidente de relações internacionais da ANDD. Todos os atletas eram amadores. “Getúlio Vargas percebe que o futebol detinha a atenção das massas, articula a movimentação para as primeiras contrações e flexibilização de contratos entre jogadores e clubes”.
Maurício alerta para a oportunidade de aprendizado com outros países, destaca a nova lei geral dos esportes como caminho para futebol, com gestão transparente, autônoma e com saúde financeira para a conquista da competitividade e reconhecimento do torcedor.
Conforme o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Sergio Pinto Martins, a má gestão sempre será um problema para qualquer que seja o modelo de adotado. Martins cita o caso do time de futebol da Portuguesa, que fez diversos acordos com a justiça e não cumpriu, gerando multas sobre multas.
“Foram 15 anos onde não houve pagamentos. Em razão disso não se conseguia fazer o pagamento integral. Fazia o acordo e não pagava. Gerava uma multa de 100% sobre outra multa”.
O painel destinado a discutir a Sociedade Anônima do Futebol foi realizado no III Congresso Nacional e I Internacional da Magistratura do Trabalho. O evento é uma iniciativa da Associação Brasileira de Magistrados do Trabalho (ABMT) e da Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP). Foz do Iguaçu foi a cidade escolhida para sediar o Congresso.
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